Setor cerâmico luta por renovação de benefício fiscal e investe em modernização para garantir competitividade

O Sindicercon, sob a liderança de Walter Gimenes, presidente do sindicato, realizou uma reunião estratégica, com os representantes do governo estadual, Caio Marinelli e Karoline Regis, para debater a renovação do benefício do crédito presumido de ICMS. O incentivo, criado em 2007, tem sido essencial para a competitividade da indústria cerâmica, especialmente para pequenos e médios fabricantes, e expirou em dezembro de 2024. A reunião virtual, contou ainda com a presença do gestor administrativo Rafael Lopes.

Durante a reunião, foi apresentada a relevância do benefício para o setor, que emprega milhares de trabalhadores em diversas cidades paulistas. O governo estadual, no entanto, negou a renovação para a maioria dos setores industriais que pleitearam a prorrogação do crédito presumido, argumentando a necessidade de ajustes na política fiscal. Entretanto, para a indústria cerâmica e o setor madeireiro, que representam uma pequena parcela da arrecadação estadual (0,03% e 0,01%, respectivamente), houve uma abertura para continuidade das discussões. O governo sugeriu novas rodadas de negociação com a equipe econômica para avaliar a viabilidade da medida.

Além da questão tributária, a reunião abordou a necessidade de modernização e inovação no setor cerâmico. O presidente do Sindicercon destacou o trabalho que vem realizando para melhorar a eficiência produtiva e reduzir custos operacionais das fábricas associadas. Um dos principais programas em andamento é a transformação digital da produção, que visa otimizar processos industriais por meio da adoção de novas tecnologias. O projeto inclui o desenvolvimento de sistemas de controle de consumo energético, aprimoramento de processos de extrusão e secagem, e adoção de ferramentas digitais para gerenciamento da produção.

Os resultados dessa modernização já são visíveis em algumas empresas que aderiram ao programa, explica Walter Gimenes. Muitas fábricas, que anteriormente apresentavam índices de quebra de peças superiores a 12%, conseguiram reduzir esse percentual para menos de 2%, elevando significativamente a eficiência produtiva. Além disso, a otimização dos processos de fabricação tem permitido um aumento da produtividade e uma redução dos custos operacionais, fatores essenciais para garantir a competitividade do setor frente a desafios econômicos e regulatórios.

Durante a reunião, Caio Marinelli destacou a importância da união entre as empresas e o governo para garantir avanços no setor. “Estamos falando de uma indústria que sustenta milhares de famílias e movimenta a economia regional. Precisamos que haja um entendimento dessa realidade para que possamos manter o setor forte e competitivo”, afirmou.

Outro ponto central discutido foi a fiscalização da qualidade dos produtos cerâmicos. O Sindicercon pretende intensificar o monitoramento das fábricas para garantir que os produtos comercializados estejam em conformidade com as normas técnicas da ABNT. Para isso, o Sindicato estuda a formalização de parcerias com o Instituto de Pesos e Medidas (ITEM), responsável pela fiscalização do INMETRO no estado de São Paulo. O objetivo é assegurar que todas as empresas do setor operem dentro dos padrões exigidos, eliminando do mercado produtos que não atendam aos critérios de qualidade estabelecidos.

A busca pela inovação também passa pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento. O Sindicercon tem fortalecido parcerias com escolas do SENAI e institutos de pesquisa para a criação de novas ligas metálicas e materiais que aumentem a durabilidade dos equipamentos utilizados no processo produtivo. Além disso, está em estudo a instalação de um novo laboratório especializado em testes de resistência ao fogo e acústica, atendendo à crescente demanda da construção civil por materiais certificados. Atualmente, esses testes são realizados fora do estado, o que gera custos adicionais para as empresas. “Com a criação de um laboratório próprio, o setor poderá agilizar esses processos e fortalecer sua posição no mercado”, acredita Gimenes.

No campo social, o Sindicercon tem buscado ampliar sua atuação com iniciativas voltadas ao desenvolvimento das comunidades onde a indústria cerâmica está presente. Um dos projetos em fase de planejamento é a criação de um comitê feminino, que visa oferecer capacitação profissional para esposas e familiares de trabalhadores do setor. A ideia é proporcionar formação em atividades como costura, panificação e produção de salgados, possibilitando uma fonte de renda extra para as famílias. O projeto piloto está sendo estruturado na cidade de Tambaú, em parceria com a prefeitura local, e poderá ser expandido para outras regiões caso apresente bons resultados.

Além disso, o Sindicato tem investido na qualificação técnica dos trabalhadores do setor por meio de parcerias com instituições de ensino. Cursos voltados para a melhoria dos processos produtivos e certificações industriais estão sendo promovidos para garantir que a mão de obra do setor esteja preparada para as exigências do mercado. A ideia é que, com trabalhadores mais qualificados, as fábricas possam elevar seus padrões de produção e competir em igualdade de condições com empresas de outros estados e até do exterior.

Outro tema abordado na reunião foi a necessidade de maior representatividade do setor cerâmico junto aos órgãos governamentais e entidades empresariais. O Sindicato tem articulado reuniões com a FIESP e outras instituições para garantir que as demandas da indústria cerâmica sejam consideradas nas políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico e industrial do estado. Além disso, há um esforço para estreitar relações com o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal, visando incluir os produtos cerâmicos paulistas nos programas habitacionais do governo federal.

A reunião reforçou a importância do diálogo contínuo entre o setor produtivo e o governo para garantir a sustentabilidade da indústria cerâmica, que desempenha um papel estratégico no desenvolvimento regional e na geração de empregos. O Sindicato seguirá atuando na defesa dos interesses do setor e na busca por soluções que possibilitem a modernização e o fortalecimento da produção, garantindo um ambiente competitivo e sustentável para as empresas associadas.